terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Reinaldo Lourenço

Reinaldo Lourenço, nasceu em 25 de junho de 1962 em Presidente Prudente e desde cedo teve um íntimo contato com a moda. Aos nove de idade, simplesmente cismou com uma camisa com flores pequenas, que mais tarde veio a ser conhecida como Liberty, e sempre quis usar o qu não se encontrava nas lojas locais. Ruth, a costureira de sua mãe, não gostava da companhia do menino durante suas visitas a sua casa, ele sempre queria saber mais, como a roupa era feitas, os moldes, tudo.

Aos dez anos, vendia na sua escola lencinhos de cambraia pintados à mão por ele ou acabados com ponto à jour pela mãe. Aos quinze, decidiu que queria ter sua própria marca. Aos dezoito foi para São Paulo, onde começou a trabalhar com a sua futura esposa, Glória Coelho e mãe de seu filho, Pedro Lourenço, também estilista.

Sua mulher inspiradora costuma ser frágil como uma gamine, os cabelos são simples e lisos, e o make traz invarialvelmente algo inesperado, no mínimo um batom contrastante. Os sapatos, salvo raríssimas exceções, são pesados. Inspira-se no hard, no rock, no punk e no brechó. É fascinado pela época eduardiana, a belle époque, e a liberdade dos anos 1920.

Em sua cartela de cores, sobressaem-se o preto, o branco, o cinza e o bege . As cores vibrantes aparecem as vezes em suas coleções. Adora elementos vazados, cadarços, laços e tirinhas, dobraduras, plissados, drapejados e aplicações caracterizam seu estilo assim como os volumes, babados e rendas.

O vestido da Maria Clara (Malu Mader) de Celebridade, criação do estilista é feito em musseline bordado com paetês e custa R$ 2.780. Após a cena ter passado na televisão, o estilista recebeu na mesma noite, mais de 15 encomendas do vestido.

Em 2002, Reinaldo cria com a Denoir, quinze jóias de ouro branco com brilhantes marrons e brancos.

Em 2004, lança sua primeira coleção de esmaltes com cores exclusivas para a Risqué . Estes aqui são da sua última coleção, Pop 4 you.

Coleção Inverno 2010 - Light Forces, onde a coleção é caracterizado pelo estilo militar, guerra e paz, como descreve o próprio estilista.



Em sua segunda coleção para C&A, Reinaldo Lourenço se inspirou no glamour, nas festas de fim de ano e nas marinas para criar looks deslumbrantes. Uma coleção exclusiva e limitada para a loja.

Coleção Primavera / Verão 2011

Tema: design do automobilismo com recortes 60´s.
Formas: minissaias, casaquetos e vestidos retos e em linha A.
Cores: pink, coral, laranja, preto e off-white.
Prints: grafismos vibrantes.
Peça-chave: vestido trapézio.
Costura arrojada: grafismos e ondulações, feitas à mão, que sugerem o design dos carros


Espero que você gostem desse breve relato sobre o fantástico estilista Reinaldo Lourenço. Eu me apaixonei pelo seu trabalho depois de falar sobre ele em um trabalho da universidade. Então como diz Reinaldo, tudo me inspira, desde uma folha seca caída no chão, a uma exposição de arte, a uma banda de rock, mas o que me inspira mesmo são as pessoas na rua.

Beijo,

Andrêina Almeida. ;D

Croquê ou Croqui?

Dizem que os primeiros croquis a gente nunca esquece. Decerto, estes eu resolvi compartilhá-los com vocês antes que eu mesma os esqueça.

Com carinho,

Andrêina Almeida. ;D

Inauguração do Bloco de Moda!

Depois de muita espera, finalmente eu tirei um tempinho pra dar uma atualizada aqui e postar as fotos da inauguração do Bloco de Moda, Design e Estilismo da UFPI, que aconteceu dia 24 de novembro.

O bloco teve um espaço cedido as meninas da comunicação que realizaram o Câmbio Estilo Ufpi, onde as peças de roupas arrecadadas durante o mês, agora customizadas, poderam ser resgatadas pelos antigos donos ou trocadas por outras. O espaço também foi dividido por uma exposição de fotografias tiradas no bloco, em diferentes horários.

Ainda contou com o MARAVILHOSO desfile dos alunos das duas primeiras turmas de moda, desfile este inspirado nas obras do artista piauiense Portelada, que esteve presente em todo o evento. O desfile foi parte do concurso "Olhares Contemporâneos sobre a obra de Portelada".


Portelada e suas obras

Exposição de fotografias

Câmbio Estilo Ufpi

Backstage

Organização da platéia

A passarela sendo montada...

Reitor Luiz Júnior, designers e modelos

Criação de Rafael Lopez

Crição de Nicássia Poliana e João Eduardo

Criação de Camila Carvalho e Karla Josefa

Criadores e criaturas

Todos sendo aplaudidos no final.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Moda, Design e Estilismo

Pois é, finalmente o Bloco de Moda, Design e Estilismo da Universidade Federal do Piauí vai ser inaugurado! Hoje, 24 de novembro de 2010, o nosso esperadíssimo bloquinho vai sair... A inauguração ocorerá às 18 horas. O bloco fica por trás da Biblioteca Central Carlos Castelo Branco, e terá a presença do ministro da educação, Fernando Haddad.
Ocorrerá ainda o desfile com inspiração na obras do artista piauiense, Portelada, além de estandes e muitas outras atrações... Vamos lá conferir também!!


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Treds Setters!


Em Análise de Tendências, mais uma tarefa, a busca por Trends Setters.

Mas como fazer isso?

Pra começar, Trends Setters são aquelas pessoas que não dependem de moda, e sim criam a mesma. Isso mesmo, elas são fonte de inspiração para os Birôs de Estilo que vão ditar o que é tendência.

Então lá vou eu, tudo em prol da Moda, em busca destes criadores de tendências.

Ah! Depois eu posto o que eu encontrar nas ruas de Teresina.

sábado, 6 de novembro de 2010

O RESGATE DA FEMINILIDADE E DA SENSUALIDADE FEMININA: a sociedade em meio a um período de androginia

Andrêina de A. Rabelo


RESUMO: Este trabalho mostra o resgate da feminilidade e da sensualidade feminina perdida nos anos de guerra. Com a decadência econômica geradas com os acontecimentos mundiais, as mulheres da época foram totalmente masculinizadas com o uso de saias simples, curtas e bem justas e casaco, roupas que eram usadas no dia e na noite, causando uma monotonia na moda. O Vintage veio à tona a partir da década de 1940, por meio de grandes nomes como Christian Dior (1905-1957), com o New Look. O glamour e o luxuoso marcaram esse período, a volta da Alta Costura tendo agora os Estados Unidos como principal influenciador das novas tendências. As pin-ups, que também tiveram grande destaque no Vintage, mostravam modelos em fotografias, desenhos e artes em geral com um toque de sensualidade e recebiam esta denominação porque, geralmente, ficavam pregadas nas paredes de postos de gasolina. Neste trabalho foi feito uma pesquisa bibliográfica em livros e sites de internet para melhor entendimento de como essa evolução na moda se definiu, suas conseqüências e transformações que causou na sociedade da época.

1 INTRODUÇÃO

O início da Idade Contemporânea, século XX, marcada ligeiramente pelo século de três grandes acontecimentos históricos, a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais e a Grande Depressão, modificaram em todos os aspectos a sociedade desse período, tanto no aspecto vestimenta como no aspecto de organização e conquista de valores, e principalmente o resgate da feminilidade e sensualidade apagada nesse período, que com a decadência econômica gerada com os acontecimentos, as mulheres da época foram totalmente masculinizadas, causando uma verdadeira monotonia na moda. Neste trabalho foram feitas pesquisas bibliográficas em livros e sites de internet para melhor entendimento de como essa evolução na moda se definiu. Essa pesquisa está sistematizada nos seguintes tópicos: no primeiro tópico será feita uma análise acerca da sociedade no período dos anos de 1910 e 1920, com a sociedade do pós-guerra, no segundo tópico tratará da sociedade nos períodos de 1930 e 1940, com o início da Segunda Guerra Mundial e a Quebra da Bolsa de Valores nos Estados Unidos, e no terceiro e quarto tópicos, a sociedade no período de 1950 e 1960, respectivamente, com suas modificações pós-guerra. Todo esse período, do início até meados do século XX, ficou conhecido com o Estilo Vintage, onde o glamour e o luxuoso marcaram esse período, a volta da Alta Costura tendo agora os Estados Unidos como principal influenciador das novas tendências.

2 DÉCADA DE 1910: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial mudou totalmente a organização da sociedade. As indústrias e todo o comércio voltaram-se totalmente para a produção bélica, não só pela economia, que era bastante movimentada, mas também por obrigação com a sua pátria. Os homens tornaram-se ausentes no campo de trabalho, uma vez estando no campo de batalha fez a mulher, antes muito sofisticada e luxuosa, atuar em outra posição nada comum para a época, trabalhar em diversos setores, fossem de qualquer classe social.

As mulheres do período ocuparam espaços masculinos da área de saúde aos transportes e da agricultura à indústria, inclusive a bélica. Essas mudanças ocasionaram o início da emancipação feminina, que era uma necessidade durante a Guerra e depois dela, tornou-se um hábito, que na realidade, foram verdadeiros ajustes aos tempos atuais.

Agora, com a obrigação de ter que trabalhar para poder manter a família na ausência dos homens, as mulheres, vindas do corpo acentuado da Belle Époque, tiveram que se desfazer dos espartilhos apertados na cintura graças ao francês Paul Poiret, com suas idéias muito inovadoras, permitindo assim a facilidade na realização de movimentos. Mas só isso não era o bastante. A partir de 1915, devido à limitação das ações em trabalhos específicos, houve o encurtamento das saias e vestidos até a altura da canela.

A moda masculina permaneceu praticamente a mesma nesse momento, tornando-se cada vez mais simples e prática, tendo até mesmo o aspecto de uniformização, uma vez que todos se vestiam com a mesma característica: calça comprida, paletó, colete e gravata. (BRAGA, 2004)

Ao fim da Guerra, a partir de 1918, outras atividades além do trabalho também passaram a influenciar a sociedade e as roupas das mulheres, que foram as que mais sofreram modificações nesses períodos. Os esportes, o divertimento, especialmente a dança, foram os que mais contribuíram na adaptação das roupas às novas necessidades, ocasionando no encurtamento das saias. As mulheres já estavam adquirindo o hábito de cortar os cabelos curtos, fumar em público e até mesmo, de dirigir automóveis. A vida independente, ou seja, o fato de ganhar dinheiro contribuiu para a verdadeira libertação da dependência da figura masculina, e parecia um fato irreversível. Surgiu, a partir daí, certo estilo andrógino, o que parecia estar bem de acordo com os tempos, uma vez que a mulher havia se emancipado.

3 DÉCADA DE 1920: A SOCIEDADE NO PÓS-GUERRA

Os anos 1920 foram considerados anos revolucionários, de inovação, não sendo à toa chamados de “anos loucos”. Como afirmava Braga, funcionalismo tornou-se a palavra chave que dominou o aspecto dessa moda, era uma espécie de utilitarismo associado à simplificação. O caráter andrógino tornou-se nessa década uma das características mais marcantes, as saias continuam a subir, o tamanho das roupas íntimas diminui, mas sua importância aumentou. As mulheres que trabalhavam fora já gastavam metade do salário em lingeries.

Nessa década, um dos aspectos mais influenciadores da sociedade eram as artes. Em 1925, em Paris houve uma Exposição de Artes Decorativas e Industriais, a Art Déco que tinha como temática as formas geométricas, formas estas que influenciaram tanto no vestuário quanto nas joalherias. De acordo com os padrões do estilo Déco, a silhueta feminina tornou-se mais reta, mais tubular, negando toda e qualquer referência curvilínea. A mulher sensual era aquela sem curvas, sem seios e com quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos.

A mulher vaidosa dos anos 20 dominava uma grande parte da economia, comprando produtos de beleza, roupas e tudo para enaltecer sua sensualidade. Foi sem dúvida o momento de maior afloramento da vaidade humana em todos os seus aspectos e principalmente da mulher, não só no Brasil, na França e no mundo inteiro. A mulher famosa do momento era Gloria Swanson seguida por grandes lentes e reproduzida no cabelo, no vestuário, na maquilagem, no modo de andar e até no modo de falar. Em termos de diversão, Cassino não era só um lugar para homens e sim um lugar onde as mulheres após quase quatro horas de preparação estética se encaminhavam. Como se pode constatar, a mulher desta época tinha um olhar sensualmente triste e delineado por maquiagem, a boca contornada por traços que davam um efeito de bocas vermelhas que estavam sempre prontas para falar "xu xu".

O cinema também começou a ganhar importância, tornando-se assim um grande divulgador de comportamento, e sendo os Estados Unidos os principais produtores de cinema, passaram a influenciar também a moda.

A maioria das propagandas da época visava atingir direto esta beleza feminina tida como frágil. A Casa Colombo, por exemplo, era especializada em roupas para banho que mais pareciam as roupas femininas atuais para jogar tênis. A menstruação que era vista como um incômodo ou uma doença favorecia o comércio de variedades de Elixir que "curava os nervos" e restabelecia a saúde da mulher. Entre os milagrosos "Elixires" da década de 20, todos direcionados as maiores consumidoras, as mulheres, criavam propagandas para atraí-las: "As mulheres mais admiradas são aquelas cujo sangue é vermelho e puro e cujas faces revelam sangue e energia" ou então "A salparrilha do Dr. Ayer reconstitui o organismo feminino após aqueles dias”.

Surgiram na época concursos para mulheres onde as vencedoras ganhavam prêmios em dinheiro além da fama que a cercaria:

CONCURSOS DE BELEZA DE COSTAS FEMININAS

Publicado na Folha da Manhã, quinta-feira, 13 de setembro de 1928


Neste texto foi mantida a grafia original


Isto está mesmo que é uma palangana de habitos, idéas, costumes, modas e outras marmeleixons avec faziata la confuzione!
Já temos tido concurso de beleza, de tornozellos, de braços, de olhos, de pernas, de barrigas e agora, em Los Angeles, realizou-se o certamen, de costas femininas.
Colosso! Estão pondo a varejo os concursos de todas as partes do corpo das mulheres.
Assim rende mais. Daqui a pouco será aberto um certamen do dedão feminino...
Esse que poz em linha as cacundas do bello sexo é dos mais originaes. A "Folha da Noite" publicou hontem o cliché-retrato da vencedora das mais lindas costas, que é a senhorita Ruth Kursenhler, cujo costado fará muita gente dar a costa... nas praias brancas da paixão.
Não ha duvida que a victoriosa desse concurso tem um bruto capital no costado. É só oferecer em publico aquella costeira de jaspe, que a 2$000 por cabeça p'ra ver a belleza, dará uma fortuna.
O mundo tem desses caprichos mais ou menos encostados...
Uns ganham a fama e o arame com o pé do futebol, outros com o muque do box, outros com a garganta, quer cantando, quer cavando, e agora temos umas costas que valem ouro!
A exquisitisse dos tempos começou por premiar em concursos as fachadas femininas e termina por fazer certamen dos trazeiros, exhibindo cacundas.
Vae nisso tudo uma profunda atrophia da época, procurando materializar coisas que em outras éras gosavam dos fóros de espiritualidade.
O homem, gasto nos sentimentos estheticos, polluido na sua visão de arte, resolveu virar a mulher para o outro lado, porque a sua brutalidade despresa o rosto que foi sempre o inspirador de todos os sonhos da humanidade sonhadora.
Quando se chega á época de trocar a belleza dos collos e das faces pela monotonia da cacunda rasa, é porque o genero humano está marchando p'ra traz.
Deante disto, só mesmo um terremoto, uma peste bubonica e uma febre amarella...

Figura 1: Anúncio de concurso de beleza, retirado da Folha da Manhã, de 13 de setembro de 1928 - acervo da Empresa Folha da Manhã Ltda.

A década de 1920 foi a década de Chanel, que avançou com cabelos curtos, camisetas como blusas, uma moda que perpassou o cotidiano nas demais décadas.

Com Chanel, a camiseta já apresentava um notável elemento da unissexualização: o esporte. Essa unissexualização dos modos vestimentários tem estado presente no ideal de vida e de saúde preconizado pelos esportes em geral. Algumas décadas após a audácia de Coco Chanel, uma estética atlética começou a dominar o visual da publicidade, vendendo uma abordagem que não deveria necessariamente se preocupar com a determinação sexual das vestimentas, mas que deveria priorizar noções de praticidade. (FREITAS, 2002)

E assim a mulher da década de 1920 se encontra, de acordo com as artes, e sem nenhuma referência a formas curvilíneas, totalmente masculinizadas.

4 DÉCADAS DE 30 E 40: O RETORNO DA SENSUALIDADE

4.1 Década de 1930: A Sociedade nos Tempos de Crise

Com a crise financeira, por conta da quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, o mundo se vê diante de graves problemas financeiros. No entanto, paradoxalmente, a década marcou um período de moda sofisticada. Os anos de 1930 trouxeram novamente a noção de sensualidade feminina, perdendo-se assim toda aquela androgenia e praticidade do decênio anterior. Esta década redescobriu os contornos do corpo da mulher através de uma elegância refinada. Assim como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. As formas eram marcadas, porém naturais. As grandes atrizes do Hollywood ditavam a moda nesse período.

Figura 2: Vida ao ar livre

Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes, como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta, como também do hábito de banhar de mar. O ideal de beleza neste período apontou para o corpo bronzeado, em decorrência de uma vida ao ar livre, esse hábito saudável de tomar sol fez com que os decotes nas costas das roupas de banho também se tornassem um tanto quanto proeminentes. As mulheres deixam crescer o cabelo um pouco em relação à década anterior, e foi moda fazer ondulações nele.

A grande identidade dos anos de 1930 vem da valorização das costas, que demonstravam a verdadeira sensualidade feminina. Os trajes esportivos também estiveram muito em alta devido as práticas esportivas que não foram abandonadas com a Guerra e com a Grande Depressão, como o tênis, a patinação e o ciclismo.

Gabrielle Coco Chanel continuava sendo sucesso, assim como Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin. A surpreendente italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma série de ousadias em suas criações, inspiradas no surrealismo. Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. Seus modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de Vionnet.

4.2 Década de 1940: A Sociedade e a Segunda Guerra Mundial

Os anos 40 iniciaram com ares de conflito. A Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945 envolveu muitas nações do mundo e mudou os rumos da história. Apesar das regras de racionamento, impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, a moda sobreviveu à guerra. A palavra de ordem era recessão. A silhueta feminina do final dos anos 30, masculinizada em estilo militar, perdurou até o final dos conflitos. Foi comum o uso de duas peças, de dia ou de noite, confeccionadas em tecidos simples. Eram saias justas e casacos que, para fugir da monotonia de tempos de crise, eram detalhados com debrum, bolsos e golas em cores diferentes.

Segundo Braga, teoricamente as mulheres tinham uma caderneta aonde ia sendo abatida a quantidade de tecidos que cada uma tinha direito de comprar anualmente. Na Inglaterra, o racionamento foi muito maior, perdurando até depois do fim da Guerra, de 1941 a 1949.

A cidade de Paris, ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta-costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países. A criatividade que se manifestou no período de guerra, contribuiu para solucionar os problemas vividos com a escassez. Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30 e não havia cabeleireiros disponíveis e os artifícios foram muitos, como o uso de turbantes, chapéus, redes e lenços. As bicicletas entraram para substituir os transportes públicos. O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras. A maquilagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.


Figura 3: A sandália plataforma e a bicicleta

Durante a guerra, o chamado ready-to-wear (pronto pra vestir), que era uma nova maneira de produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de qualquer lugar e entregues em vinte e quatro horas pelos fabricantes. Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos.

A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do sportswear americano. Com isso, o ready-to-wear, depois chamado de prêt-à-porter (pronto para vestir), pelos franceses, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir. Com a falta de materiais em quase todos os setores e em todos os países envolvidos na Guerra, novos materiais foram desenvolvidos e utilizados para a produção de objetos e móveis, como os potes flexíveis e duráveis, de polietileno, que ficaram conhecidos como Tupperware.

Em 1944, quando Paris foi liberada, a alegria invadiu as ruas, assim como os ritmos do jazz e as meias de náilon americanas, e os soldados traziam para suas mulheres o perfume Chanel nº 5.

No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade, características da moda lançada por Chanel anteriormente. Entretanto, o francês Christian Dior, em sua primeira coleção, apresentada em 1947, surpreendeu a todos com suas saias rodadas e compridas, godê e evasê, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos altos. O sucesso imediato do seu New Look, como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos no período da Guerra.
Dior estava imortalizado com sua nova coleção, jovem, elegante e que trazia a feminilidade, que iria ser o padrão dos anos 50.

Figura 4: O New Look de Dior

5 A ÉPOCA DA FEMINILIDADE: DÉCADA DE 1950

A década de 1950 foi marcada como a década do renascimento da feminilidade, lançada pelo New Look, de Dior. O culto à beleza estava em alta, e os “Anos Dourados” expressaram muito luxo e sofisticação. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias. Essa silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década de 50 e se manteve como base para a maioria das criações desse período. E foi o mesmo Christian Dior quem liderou, até a sua morte em 1957, a agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada estação.

A Alta costura alcançou seu explendor com grandes nomes na moda. Paris manteve-se como centro lançador de moda, embora Inglaterra e Estados Unidos estivessem em franca ascensão. Diversas propostas de volume foram criadas e surgiram as linhas H (tubinho), A (abrindo os vestidos da cintura para baixo) e Y (evidenciando golas). Ainda apareceram os chemisier, inspirados nas camisas.

A mulher dos anos 50 tinha uma vida mais caseira. Os bebês nascidos no pós-guerra neste momento eram crianças e exigiam cuidados de suas mães. A mulher voltou para casa e ganhou o status de “Rainha do lar”, envolta em seus eletrodomésticos e em todas as facilidades que o mundo do consumo oferecia. Mas vale ressaltar que havia muito requinte desta mulher ligada à família.

Uma das maiores inovações dessa década foram as Pin-ups, termo que surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, que tiveram seu caráter fortemente ligado à atmosfera da sensualidade feminina. No geral eram modelos que se enquadram em fotografias, desenhos e artes em geral com um toque de sensualidade.

O teatro de revista estava vivendo seu auge e transformou dançarinas em estrelas, fotografadas para revistas, anúncios, cartões e maços de cigarros, porém apenas na década de 50 em que elas começaram a dominar não apenas a imaginação dos homens, mas também as portas dos armários e as paredes dos quartos de milhares de admiradores dessa nova onda de “sexualidade permitida”. Desenhadas ou fotografadas, elas encarnam o ideal feminino de homens carentes, e tiveram em Marylin Monroe seu principal símbolo.

Sexy, sorridente e inocente, é resumidamente o estereótipo da pin-up. Uma garota de papel que os esportistas nos vestiários ou os soldados nos quartéis penduram por meio de alfinetes (foi justamente esta a origem do nome pin-up: o ato de pendurar as ilustrações em algum lugar).

Figura 5: Classic Pin Up (foto: Adrian Benedykt)

Com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se tornou um tema de grande importância. O clima era de sofisticação e era tempo de cuidar da aparência.
A maquiagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma infinidade de lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro arsenal composto por sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas, além do indispensável delineador. A maquiagem realçava a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita. Grandes empresas, como a Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée Lauder, gastavam muito em publicidade, era a explosão dos cosméticos. Na Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando produtos feitos a base de plantas, que se tornaria uma tendência a partir daí.
Era também o auge das tintas para cabelos, que passaram a fazer parte da vida de dois milhões de mulheres - antes eram 500 -, e das loções alisadoras e fixadoras. Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot. Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina.

6 A SOCIEDADE NA DÉCADA DE 1960: A ÉPOCA QUE MUDOU O MUNDO

A sociedade da década de 1960 foi marcada por inúmeras mudanças e alterações. Os anos sessenta foram da cultura jovem, dos estilos variados, do rock and roll, do homem pisando na lua pela primeira vez, dos movimentos pacifistas do final da década. Foi a década também da moda unissex, proveniente do ideal jovem, passando a idéia de coletivo e gerando uniformização. A imagem do jovem de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, mostrava uma rebeldia ingênua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade.

Esta década presenciou uma forte crise na Alta Costura. Notadamente havia a necessidade de mudança e logo ocorreu a expansão do leque de produtos, incluindo perfumes, cosméticos e acessórios – responsáveis até hoje pelo, praticamente, sustento das grandes maisons. O nome do costureiro ganhou status de marca suscetível de ser concedida sob licença. Dentro do cenário de crescimento do espaço conquistado pelos jovens, a transformação da moda foi radical, com o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento. O jeans se firmou como ícone da moda jovem, com diversos modelos e intervenções.

Nessa época, Londres havia se tornado o centro das atenções, a viagem dos sonhos de qualquer jovem, a cidade da moda. Afinal, estavam lá, o grande fenômeno musical de todos os tempos, os Beatles, e as inglesinhas emancipadas, que circulavam pelas lojas excêntricas da Carnaby Street, que mais tarde foram para a famosa King's Road e o bairro de Chelsea, sempre com muita música e atitude jovens. Nesse contexto, a modelo Jean Shrimpton era a personificação das chamadas chelsea girls. Sua aparência era adolescente, sempre de minissaia, com seus cabelos longos com franja e olhos maquiados.

Os avanços na medicina, as viagens espaciais, o Concorde que viaja em velocidade superior à do som, são exemplos de uma era de grande desenvolvimento tecnológico que transmitia uma imagem de modernidade. Essa imagem influenciou não só a moda, mas também o design e a arte que passaria a ter um aspecto mais popular e fugaz.

O caráter de psicodelia, com os novos materiais (metal, plástico e acrílico), novas estampas geométricas e curvilíneas esteve presente em toda a década, na moda e nas artes. A Op art foi uma manifestação artística do período que esteve de acordo com esse caráter. Ela evidenciava efeitos óticos geométricos coloridos ou em preto e branco. Um grande representante foi Victor Vassarely. Outro movimento merecedor de destaque foi a Pop Art, que reproduzia rostos de pessoas famosas, frutos do consumo popular, de histórias em quadrinho como Andy Warhol e Roy Linchtenstein.

Figura 6: Trabalho de Andy Warhol, símbolo da Pop Art

O movimento hippie veio à tona e o discurso era de contestação e rebeldia. As roupas eram despreocupadas, com detalhes artesanais, bordados manuais, saias longas, calças boca-de-sino, batas indianas, além dos cabelos longos e despenteados para ambos os sexos. Um dos focos do movimento foi o questionamento da Guerra do Vietnã.

Em 1968, esse jovens, em passeata por Washington contra a guerra, colocaram flores nos canos dos revólveres e espingardas dos policiais norte americanos. Verdadeiramente era o Flower Power (Poder da Flor), um dos slogans do movimento hippie, além do obviamente famoso e mundialmente difundido Peace and Love (Paz e Amor). Outro mote também de extrema importância foi o Make Love Not War (Faça Amor, Não Faça Guerra) e, sendo assim, os jovens, com seus valores, foram se firmando com sues conceitos e suas modas. (BRAGA,2007, p.90)

O movimento ganhou em 1969 um grande festival que contribuiu para sua popularização e divulgação: o Woodstock, com participantes como Jimi Hendrix, Janes Joplin. Não havia mais como esconder ou frear o movimento, que marcaria também a década seguinte.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A moda evoluiu no sentido de entender-se a uma parcela cada vez mais ampla do público, originando-se de um tipo bem particular de sociedade e de cultura. Esta dinâmica, inicialmente reservada aos meios aristocráticos, estendeu-se ao conjunto da sociedade com o nascimento simultâneo da Alta Costura e da Confecção, que reproduz os modelos em grande escala.

Em torno de 1960, esse sistema se decompôs em que se trata de “parecer jovem” do que “mostrar classe”, de cultivar as “pequenas diferenças” concebidas menos como afirmação de um distanciamento social e mais como a expressão de uma singularidade ou individualismo, ou seja, a noção que se tinha até meados da década de 50, onde se seguiam os padrões impostos pelas sociedade, pelas artes, entre outro fatores influeciadores foram totalmente apagadas. O que era imposto e estava no auge era o individualismo, o fato de ser singular, a customização entrava como fator determinante, ou seja, o que era exclusivo, único estava na moda.

A rebeldia da juventude de 1960 transformou totalmente a sociedade igual das décadas passadas, transformação essa que perdura até os dias de hoje.

REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 14724: informação e documentação - trabalhos acadêmicos- apresentação. Rio de Janeiro: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006.

BRAGA, João. História da Moda: uma narrativa. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2004.

FREITAS, Ricardo Ferreira. Comunicação, consumo e moda: entre os roteiros das aparências. Comunicação, Mídia e Consumo. São Paulo, v. 3, n. 4, p. 125, jul. 2005.

LIPOVESTKY, Gilles. O Império do Efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

RENAUT, Alain. O Indivíduo: reflexão acerca da filosofia do sujeito. Rio de Janeiro: Difel, 2004.

ENCANTO Pin-up. Carapuça, Rio de Janeiro, 1 dez. 2009. Disponível em: <> . Acesso em: 5 jun. 2010.